Na medicina, chama-se de deiscência a abertura espontânea de suturas cirúrgicas.
É uma separação das bordas dos tecidos que foram unidos por pontos, que ocorre durante o período pós-operatório.
Quando o paciente tem alta, horas após a cirurgia, é em casa que ele (a) fará os curativos, limpeza do local, conforme orientação médica. Mas muitos pacientes têm receio de olhar para as suturas, medo em ver algum ponto aberto, etc… Mas “olhar” é fundamental para identificar qualquer coisa incomum.
Se você identificar vermelhidão, calor e inchaço no local da cirurgia, saída de secreção vermelho viva ou purulenta, tiver febre ou dor forte no local da cirurgia, que não melhora com os medicamentos prescritos e por fim rompimento de algum ponto, comunique imediatamente seu médico.
Fatores que causam “Deiscência” na sutura?
Hoje em dia já é possível afirmar que alguns fatores contribuem para aumentar a chance de deiscências. Os fatores são: idade avançada, doenças concomitantes como o diabetes, as neoplasias, condições nutricionais, deficiência de vitamina C, tratamento com algumas drogas (como corticoide, penicilinas entre outros), tabagismo, cirurgias contaminadas e infectadas, pressão excessiva e contínua em área da lesão, presença de trauma e edema, esforço físico precoce, entre outros.
A Deiscência de sutura é uma complicação que não acontece só em cirurgias que envolvem a pele, também pode acontecer em suturas de anastomoses intestinais, articulações, etc. Ela pode ser parcial em toda a sua extensão ou total.
*Anastomose: Ligação ou junção de dois vasos sanguíneos, de dois nervos ou de duas fibras musculares.
Em que momento do pós-operatório ela acontece?
A deiscência geralmente ocorre nos primeiros dias de pós-operatório. Na maior parte das vezes a complicação só se torna clinicamente óbvia entre o 5º. e o 10º dia, quando, após a retirada dos pontos, a pele se abre espontaneamente como um “zíper”. A evisceração é precedida pela eliminação de secreção seromas e sangue.
Como ocorre o rompimento dos pontos?
Quando o médico realiza uma cirurgia, seja ela estética, reparadora ou de qualquer outra tipo, a incisão passa pela pele, subcutâneo, músculo, aponeurose e peritônio (dependendo do local do corte, pode ter mais ou menos camadas). Ao término da cirurgia, tudo o que foi aberto precisará ser fechado, camada por camada, agora, de dentro pra fora.
Ocorre “deiscência” se em alguma dessas camadas o fio romper ou “afrouxar”. Isso pode acontecer por várias razões: infecção, condições que possam aumentar a pressão interna (fazendo com que os pontos sejam forçados), tosse e vômito, esforço físico precoce, má técnica cirúrgica de sutura, entre outros.
A deiscência pode ser mais superficial (pele) ou interna (camadas mais profundas), podendo levar à formação de hérnias, que são complicações clássicas das deiscências.
Como tratar?
O diagnóstico precoce pelo médico responsável, que orientará o paciente de que forma deverão proceder, é fundamental para o não agravamento.
O paciente precisa ser conduzido ao consultório, para ressutura.
O médico precisa prevenir infecção e proceder cirurgicamente de acordo com as técnicas adequadas para esta eventualidade.